Durante o mês vocacional, a Igreja celebra em 10 de agosto a memória de São Lourenço, padroeiro dos diáconos. A vocação diaconal é um dom da igreja a serviço da comunidade e é um ministério ordenado. O diaconato é o primeiro grau do sacramento da Ordem, sendo vivido de forma transitória por aqueles que serão ordenados presbíteros e de forma permanente por homens casados ou solteiros que se dedicam à Palavra, Liturgia e Caridade.
Este ministério existe na Igreja desde os tempos apostólicos. No livros dos Atos dos Apóstolos, capítulo 6, versículos de 1 a 6, encontramos a instituição dos sete diáconos. São Paulo, na Carta aos Filipenses, saúda-os juntamente com os bispos (cf. Fil 1, 1) e na Primeira Carta a Timóteo enumera as qualidades e as virtudes de que devem estar revestidos para poder realizar dignamente o seu ministério (cf. 1 Tm 3, 8-13).
Atualmente, segundo a Comissão Nacional dos Diáconos, existem no Brasil aproximadamente 6 mil diáconos permanentes, atuando em paróquias, dioceses, em trabalhos sociais e outros campos da ação evangelizadora.

A Pascom Brasil contou com o apoio da Arquidiocese de Natal para uma conversa com o Diácono José Bezerra de Araújo, jornalista, sobre o que é o diaconato permanente e também a sua missão na comunicação. José Bezerra de Araújo é natural de Caicó, no Rio Grande do Norte, tem 72 anos e foi ordenado diácono permanente em 19 de março de 1987. É casado com Josefa Dantas, tem três filhos e sete netos.
Compartilhamos abaixo um trecho da entrevista feita pela jornalista Luiza Gualberto, do setor de comunicação da Arquidiocese de Natal. A íntegra está disponível em nosso podcast.
Qual a missão do diácono permanente?
O diácono permanente tem um tripla missão na Igreja: proclamar a Palavra, servir a Liturgia e a caridade, isto é, a ação caritativa da Igreja, que é uma missão própria do diácono. Servir aos que necessitam de ajuda, seja do ponto de vista social, seja do ponto de vista da escuta, do acolhimento.
Qual a diferença entre as funções do diácono permanente e do padre na Igreja?
A principal diferença é que o diácono não pode celebrar a missa. Ele pode celebrar a Palavra de Deus e fazer a pregação, mas não pode celebrar a missa. Outra diferença é que o padre não pode contrair o sacramento do matrimônio, ele é celibatário. Já o diácono permanente pode ser casado, quando for ordenado. Se ele for solteiro, deve permanecer celibatário. Essas são as diferenças principais. Outras são que o padre pode assumir a função de pároco e também de administrador paroquial. Já o diácono não pode ser pároco, mas ele pode assumir a administração.
Como se deu sua relação com a comunicação?

Uma caminhada longa! (risos) Antes do meu casamento, eu trabalhei na Rádio Rural de Caicó, na produção de notícias. Eram pequenos noticiários que a gente produzia e o locutor apresentava. Eu fazia isso na máquina de datilografia. Depois, de ordenado, ainda trabalhando na diocese de Caicó e prestando assistência na Paróquia São José, um certo dia, o Padre José Tadeu de Araújo me convidou para que eu fizesse o curso de pastoral para a comunicação do CELAM. Este curso, era oferecido aqui no Brasil pela Unisinos. Quando voltei, me envolvi de vez com as mídias comunicacionais. Posteriormente, recebi o convite para trabalhar em Natal, na Rádio Rural de Natal, como diretor, e depois me incorporei na Pastoral da Comunicação. Desde então não saí mais! Fiquei trabalhando um bom tempo, até me aposentar. Mesmo aposentado, fui convidado para trabalhar na SEAPAC, Serviço de Apoio aos Projetos Alternativos Comunitários, uma instituição da Arquidiocese de Natal e das dioceses de Caicó e Mossoró. Essa instituição trabalha com a disseminação de tecnologias sociais de captação e armazenamento de água de chuva para a convivência com o semiárido, prioritariamente na zona rural, onde a escassez de água é muito grande e aquele povo é muito sofrido. Fui trabalhar na parte de comunicação, cuidando do site e fazendo programa na Rádio Rural de Natal. Esse trabalho foi até junho de 2020. Agora, aposentado, sou um dos diretores espirituais da Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de Natal, inclusive produzindo materiais pra revista “A Ordem”.
O seu ministério diaconal sempre foi exercido junto à comunicação, seja na diocese de Caicó e também na Arquidiocese de Natal. Ainda hoje, mesmo aposentado, continua colaborando com a Pastoral da Comunicação. O que significa em sua vida essa relação entre diaconato, missão e comunicação?

O diácono, uma vez ordenado, ele não pode parar. Ele é um ministro da Igreja. Durante a pandemia, no meu caso, como sou do grupo de risco, tenho 72 anos e tenho problemas de saúde, não posso estar nas comunidades, indo a todos os lugares. Trabalhar a comunicação pelas mídias sociais, da forma como nós estamos trabalhando aqui na Arquidiocese de Natal, também ajudo na assessoria do AA (Alcóolicos Anônimos) e na comissão regional dos diáconos, para mim isso é um prazer. Não é um peso, não é um trabalho, não é um dever a mais. É um prazer realizar esse tipo de atividade como diácono e como profissional da comunicação, nesse campo da comunicação da Igreja. Eu vejo esse meu trabalho de comunicação na Igreja e nas instâncias do diaconato como uma missão.
Confira em nosso podcast a entrevista completa.
Colaboração: Luiza Gualberto, setor de comunicação da Arquidiocese de Natal
Foto da capa: Brunno Antunes