Ano Novo! Vida Nova!
Quando chega o final do ano e vislumbramos uma nova etapa, naturalmente avaliamos o que fizemos, contabilizamos as experiências vividas e projetamos com vistas a um futuro mais promissor. A vida é dinâmica e sabemos que não adianta chorar o “leite derramado”, como também de nada resolve deixar-se paralisar diante de novos desafios. Para escapar das armadilhas do desânimo quanto ao que não deu certo e do medo sobre o incerto, o segredo é apostar na esperança. A esperança fecunda a vida e renova as nossas forças.
Um sonho de Na Novo que precisa se tornar realidade é a paz. Para isso, é oportuno repensar o jeito como estou vivendo, meus relacionamentos, os valores humanos que norteiam a vida, as atitudes concretas do meu agir cotidiano, nas grandes decisões e nas coisas mais simples como a gentileza, a paciência, a caridade, o perdão, o diálogo… Enfim, a paz é sempre resultado de nossa capacidade de minimizar conflitos e de aperfeiçoar a “cultura do encontro”.
Dispor-se ao encontro é abrir-se ao outro e ao mundo que me está ao redor, considerar a verdade que não é minha, descobrir-me como parte de um todo e não a medida de todas as coisas. Parece simples, mas é um grande desafio encontrar-se consigo mesmo, com o irmão e, particularmente, encontrar Aquele que é outro por excelência: Deus! Sim, buscar Deus e deixar-se encontrar por Ele! Somente na perspectiva desse encontro, a paz é possível.
Estamos sequiosos de paz! Existem guerras, migrantes que são forçados a fugir da própria Pátria, corrupção da riqueza do povo e da sua dignidade, violências em casa e nas cidades, a fome aguda de mais 850 milhões de pessoas em todo o mundo…. Nossas esperanças estão cansadas e nossas vidas carentes de paz!
Nesse mundo, a paz virá verdadeiramente com o fim da pobreza extrema em todas as suas formas: o acesso à assistência médica, à educação e à energia para todos, à água e ao esgoto tratados, à melhoria das estradas; a redução das desigualdades e um desenvolvimento econômico inclusivo; a promoção do emprego estável e do trabalho digno; consumos e produções sustentáveis; a salvaguarda dos ecossistemas… Só assim, caminharemos, de fato, rumo a sociedades justas e, consequentemente, mais pacíficas.
A paz é sempre uma realidade trabalhosa que compromete o individual e o coletivo, resultado de um novo jeito de pensar e de agir que muda a pessoa e o mundo. A paz é fruto da conversão!
Queira a paz! Promova a paz! Viva a paz!
Dom Darci José Nicioli, CSsR
Arcebispo de Diamantina (MG)
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB