“A ENCARNAÇÃO de Jesus é o mais profundo gesto de comunicação.” Esta frase, no cartão recebido carinhosamente da Irmã Helena Corazza, fsp, me motivou a escrever as linhas seguintes para ajudar você, agente da Pascom, a viver o Natal.
Corremos o sério de risco de nos prender apenas à exterioridade desse período. Luzes por todos os cantos das cidades e pelas casas, belas campanhas publicitárias em todas as mídias, exacerbado consumismo, festança e comilança. Vende-se um aspecto mágico em torno da figura do Papai Noel e o dono da festa dorme diminuto nos presépios descascados das casas que ainda cultivam este dom. Não… não quero apenas acentuar uma visão pessimista do Natal. A minha palavra aqui é de esperança! Afinal, Jesus é a luz que consolida a nossa esperança. Com Jesus e em Jesus, a nossa esperança se plenifica. A esperança de um mundo novo. “Novo céu e nova terra” (cf. Ap 21,1), onde as pessoas serão verdadeiramente felizes. Não se trata de um mundo utópico, mas o mundo onde todos irão se amar, se respeitar e querer o melhor para todos, sem exceção.
Só comunicaremos a grandiosidade da Encarnação de Jesus se este mistério tocar, com profundidade, o nosso coração. Nós cristãos católicos, especialmente aos agentes da Pascom, não podemos nos ofuscar pelo brilho das luzes exteriores. A única e necessária luz é Jesus.
Para viver bem os próximos dias, deixo três simples dicas:
1 – A liturgia de 17 a 24 de dezembro é um riquíssimo tesouro espiritual, no qual a maravilha e o mistério da vinda do Senhor são brilhantemente destacados pela Tradição da Igreja chamada As Antífonas do Ó. O nome tem a ver com esse vocativo (Ó) e foram compostas entre o século VII e o século VIII. Aliadas às leituras proclamadas expressam o nosso desejo de salvação, que se concretiza com a vinda do Messias. Portanto, participe das liturgias deste período e se prepare mais intensamente para servir no Natal. Não seja apenas um papagaio a repetir as fórmulas prontas natalinas, mas seja um sino natalino a ressoar a melhor e mais bela mensagem do nascimento do Salvador.
2 – Ao exercer seu ministério na noite e no dia de Natal, mova-se pela simplicidade da manjedoura. Repito: não deixe que o brilho exterior ofusque aquela que é a maior luz. Se a sua comunicação se preocupar mais com aspectos exteriores da sua comunidade, paróquia ou diocese, você perderá o essencial. A sua mensagem deve ter a simplicidade do Natal: o jeito simples dos pastores, de Maria, de José, de Jesus. Uma comunicação sóbria, discreta e eficaz. Isso vale para o ano todo, não só no Natal.
3 – “Em Belém, descobrimos que a vida de Deus corre nas veias da humanidade. Se a acolhermos, a história muda a partir de cada um de nós; com efeito, quando Jesus muda o coração, o centro da vida já não é o meu ‘eu’ faminto e egoísta, mas Ele, que nasce e vive por amor.” Estas palavras do Papa Francisco na homilia da missa de Natal do ano passado, por si, já dizem tudo e nos chamam a atenção para a essencialidade deste evento. Não perca a dimensão comunitária. Enquanto agente de uma pastoral transversal, viva sua missão comunitária junto às demais pastorais de sua comunidade, paróquia e diocese.
Como última mensagem, dos sertões às veredas, desejo fazer ecoar as palavras que Guimarães Rosa colocou na boca de Riobaldo e que me ajuda a viver bem o Natal: “Um menino nasceu. O mundo tornou a começar.” Vamos começar?
Feliz Natal!