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Espiritualidade em gestos que surpreendem

A espiritualidade se expressa não só em momentos de oração, celebrações, mas por meio de gestos que surpreendem, inteligíveis a todo o ser humano, independente da religião que professa. Porque o sentido do sagrado, a espiritualidade marca a consciência de toda criatura, imagem e semelhança de Deus. Estamos falando da oração do...

A espiritualidade se expressa não só em momentos de oração, celebrações, mas por meio de gestos que surpreendem, inteligíveis a todo o ser humano, independente da religião que professa. Porque o sentido do sagrado, a espiritualidade marca a consciência de toda criatura, imagem e semelhança de Deus.

Estamos falando da oração do Papa Francisco na Praça de São Pedro, no dia 27 de março de 2020, às 18hs de Roma, quando rezou e deu a bênção urbi et orbi para a cidade de Roma e para toda a humanidade. Em suas palavras ele confiou a todos ao Senhor: “deste lugar que atesta a fé rochosa de Pedro, gostaria nesta tarde de vos confiar a todos ao Senhor, pela intercessão de Nossa Senhora, saúde do seu povo, estrela do mar em tempestade”.

O gesto, as imagens, as palavras, que contemplamos marcam este momento da história. O cenário: ao cair da tarde, 18hs, dia chuvoso, Praça de São Pedro vazia. Francisco vestido de branco em meio ao escurecer, chão molhado, a passos lentos e firmes dirige-se ao espaço preparado para a sua catequese. O branco parece ser uma luz em meio ao escuro do cair daquela tarde chuvosa. O vazio da Praça, o caminhar sozinho, no silêncio em meio a certa escuridão pode ser interpretado como solidão.

Entretanto, esta cena, densa de sentido, mostra o líder do povo católico, na audácia dos seus gestos, como o cordeiro que leva sobre si toda a humanidade. Uma pessoa e um ambiente povoados de sentido. Sem mensurar número que acompanharam essa transmissão do Vaticano, naquele momento a Praça de São Pedro se tornou pequena para tantos fieis, rezando com o Papa dos quatro cantos do mundo!

Dele ouvimos a reflexão do texto escolhido para a ocasião, a tempestade acalmada (Mc 4, 35-40), uma catequese a ser vista, revista e vivenciada. A imagem dos discípulos com Jesus na barca e o medo deles de naufragar! O Papa começa com a expressão “Ao entardecer…”, desenhando o cenário chuvoso de fim de tarde, mas, sobretudo, o cenário de medo pelo momento da pandemia! As trevas parecem tomar conta das pessoas e do cenário mundial e, como os discípulos, perguntamos: “Senhor, não te importas?” E neste barco estamos todos nós. Ninguém se salva sozinho!

As palavras do Pontífice intensificam o sentido quando ele se dirige à entrada da Basílica para rezar, em silêncio, diante do Ícone da Virgem Maria e do Crucificado, uma cruz milagrosa, trazida da Igreja de São Marcelo, que curou o povo da “peste”, no século 16. De pé, aos pés da virgem Maria; de pé aos pés da Cruz, o Papa reza em segredo ao Pai. Gesto que contemplamos denso de espiritualidade e sentido.

Momento de profunda contemplação foi a adoração ao Santíssimo Sacramento. O tempo de silêncio prolongado, na adoração, calou fundo no coração de quantos ontem e hoje rememoram aquela oração de extrema confiança “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” Palavra que tocou a quem abriu o seu coração para acolher este momento de bênção para a cidade e para o mundo.

Quando a pessoa do comunicador vive uma espiritualidade autêntica, ela se revela em gestos e atitudes que contagiam e testemunham a alegria do Evangelho, mesmo em meio às tempestades e turbulências da vida! “Mas tu, Senhor, não nos deixes à mercê da tempestade. Continua a repetir-nos: ‘Não tenhais medo’ (Mt 14,27). E nós, juntamente com Pedro, ‘confiamos-te todas as nossas preocupações, porque tu tens cuidado de nós’” (Cf. 1Pd 5,7), conclui Francisco.

 

* Ao se servir do conteúdo deste artigo, gentileza citar a fonte.
(Foto: VaticanNews)