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Histórias que movem a Pascom: Irmã Élide Fogolari, vida e missão na comunicação

“A Pascom é, para mim, um projeto de Deus que veio ao encontro de uma plena realização enquanto pessoa, cristã e religiosa Paulina”. Com estas palavras, Irmã Élide Fogolari, que trabalhou durante oito anos como assessora da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB, iniciou a partilha de sua história com...

“A Pascom é, para mim, um projeto de Deus que veio ao encontro de uma plena realização enquanto pessoa, cristã e religiosa Paulina”. Com estas palavras, Irmã Élide Fogolari, que trabalhou durante oito anos como assessora da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB, iniciou a partilha de sua história com a comunicação. Neste período, ela foi a grande articuladora e incentivadora da Pastoral da Comunicação e, ainda hoje, testemunha este amor pela comunicação que está enraizado no carisma da família religiosa que faz parte.

“Sempre acalentei no meu ser o desejo de articular a Pascom da Igreja  no Brasil. E após longos anos de trabalhos e estudos na Congregação das Irmãs Paulinas, inesperadamente fui convidada para ser assessora do então Setor de Comunicação da CNBB, que mais tarde passou a ser Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB. Foram 8 anos de dedicação, muito trabalho, viagens nacionais e internacionais, encontros e eventos com um único objetivo: articular, animar e dinamizar a comunicação na Igreja do Brasil. Foram anos de muitas graças, realizações, desafios que  se entrelaçaram para a concretização de inúmeras conquistas, enquanto fundadas e pautadas em Jesus Cristo, o verdadeiro comunicador do Pai e na união com todos os agentes da Pascom da Igreja, bispos, sacerdotes e leigos no Brasil que abraçaram esta nobre missão de evangelizar com a comunicação”, partilha a religiosa.

Desafios e alegrias

Durante o período de sua missão como assessora da Comissão, Irmã Élide experimentou alegrias e desafios para articular a comunicação em um Brasil tão grande e diverso. Uma grande realização do período 2007-2015 foi, sem dúvida, a produção e direção do Diretório de Comunicação. Ele caracteriza o maior desafio e a maior alegria relatados pela religiosa.

“O documento já vinha sendo pensado no final dos anos 70 e começo dos anos 80, segundo Irmã Maria da Glória Bordeghini, assessora de comunicação na época. Naquele período foi criada a Equipe de Reflexão da CNBB e um dos primeiros trabalhos do grupo, especialistas na área da comunicação, foi pensar e começar a redigir o documento. Ao longo dos anos foram esboçados inúmeros textos, mas nem um conseguia apresentar os conteúdos necessários e indispensáveis para um Diretório de Comunicação. Diante da morosidade e dificuldades de encontrar uma meta para que o texto do Diretório conseguisse sair do papel, no final de 2008, Dom Orani João Tempesta pegou pelo meu braço e me disse em bom tom: manda traduzir o Diretório de Comunicação italiano para o português e vamos apresentar para a Equipe de Reflexão para podermos juntos refletir e nos guiar a partir do documento italiano”, destaca Irmã Élide.

Depois desta longa trajetória, o Diretório ainda não passou de primeira. A sua aprovação encontrou alguns percalços. “Foram inúmeras reuniões, encontros, pesquisas, debates para que o texto fosse apresentado e aprovado em abril de 2013 durante a 51ª Assembléia Geral dos Bispos no Brasil, em Aparecida-SP. Mas o texto não passou pelo crivo dos bispos. Confesso que foi uma dor imensa, não só para mim, mas para toda a equipe. Eu tinha a sensação de ter abortado uma vida.  Confesso que não tenho palavras para explicar a dor que senti naquele dia. Mas quem nos animou e encorajou foi o então Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação Dom Dimas Lara Barbosa. Demos andamento aos trabalhos, com um grupo menor, e finalmente o Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil foi aprovado  durante o Conselho Permanente da CNBB, em Brasília, em 14 de março de 2014 e publicado em maio do mesmo ano”. 

Foi uma das grandes conquistas para a comunicação da Igreja no Brasil. Ele não se destina só aos membros da Pastoral da Comunicação, mas a todos os responsáveis pela condução das práticas de comunicação nos diferentes âmbitos da vida eclesial e nas relações da Igreja com a sociedade. Não resta dúvida que esta foi a grande alegria que Deus me concedeu.

Outras iniciativas também despertam alegria no coração de Irmã Élide, como encontros nacionais, os mutirões nacionais e regionais de comunicação, a articulação com as TVs Católicas e a criação da RIIBRA – Rede de Informática da Igreja Católica no Brasil.

Uma entre tantas histórias que marcam

No espírito do que o Papa Francisco nos pede durante a mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2020, Irmã Élide relatou uma história que marca a sua missão na comunicação.

Num dos encontros da Pascom que aconteceu em uma das diocese da Igreja no Brasil, durante o período em que estive na CNBB, foi solicitado aos participantes que partilhassem suas experiências da Pastoral da Comunicação. Após inúmeros relatos interessantes, uma senhora, com seus 50 anos, levantou-se e disse: Onde eu moro só tem uma avenida que atravessa a cidade e algumas ruas transversais. Trabalho na Pascom e sempre converso com meu pároco para saber a programação da paróquia. E quando percebo que na programação contem alguma atividade pastoral que interessa a população da cidade, pego um megafone que comprei, embarco no meu pequeno cavalo e percorro a rua principal e as transversais, informando que, por exemplo, às 4h da tarde o pároco vai celebrar uma missa para os doentes. Assim faço com outras programações e eventos promovidos pela Igreja para que a Pascom possa cumprir  sua missão de informar e convidar os fiéis para as ações pastorais da Igreja.

Esta narrativa nos fez refletir que para sermos comunicadores, não necessitamos de muitos aparatos técnicos ou especializações intermináveis na área da comunicação. O que nos motiva são as nossas convicções de cristãos, porque comprometidos, a partir do batismo com o Reino de Deus, que precisa ser vivido e anunciado a todos. É claro que a técnica e a preparação nos ajudam, mas se não temos a disponibilidade e a vontade de viver e partilhar a vida de Cristo, nada acontece.

A mensagem de uma apaixonada pela Pascom

A mensagem que eu partilho é aquela que todos nós cristãos ao recebermos o Batismo tornamo-nos discípulas e discípulos de Jesus Cristo. O Batismo é o alicerce da vida cristã que nos compromete com a missão evangelizadora. Isso quer dizer que pelo batismo nos comprometemos com a missão: “Ide, fazei discípulos meus todos os povos” (Mt 28,19). O mesmo Espírito que ungiu Jesus Cristo, nos ungiu para uma vida consagrada, em missão. A mesma missão de Jesus é a nossa  e nos acompanha, impulsionando-nos ao envio missionário até os confins da terra.

É neste sentido que compreendo a escolha da Igreja, que logo após o Concilio Vaticano II convoca a todos para a celebração do Dia Mundial das Comunicações na  Solenidade do Dia da Ascensão do Senhor,  porque a festa tem muito a ver com a Comunicação. O mandato de Jesus é claro: “Jesus aproximou-se e disse-lhes: Todo poder me foi dado no céu e na terra. Ide  e ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando a cumprir tudo o que vos mandei. Eu estou sempre convosco até a consumação dos séculos” (Mt 28, 18-19).

Este envio evidencia que Ele nos convoca para comunicar o Reino de Deus com a vida e missão.  Trata-se de uma Igreja em saída, que é comunicadora da Palavra, toma iniciativas, sem medo, para anunciar a todos o Reino de Deus. Além destes princípios fundantes e outros que poderiam ser refletidos aqui, na vida dos agentes da Pascom e de todo o comunicador cristão, se faz necessário o estudo, a reflexão e a prática do Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil para podermos caminhar com segurança na ação evangelizadora da Igreja.

Convido a todos os agentes da Pascom que deixem emergir do seu ser, um hino de gratidão a Deus pela comunicação, mediante a oração que segue ou outras que poderão ser expressão de reconhecimento ao Deus da vida:

Louvado sejas, meu Senhor, pela Imprensa. Ela é alimento da inteligência e luz para o Espírito.

Louvado sejas, meu Senhor, por todas as vezes que os livros, revistas e jornais aproximam as pessoas, diminuindo as barreiras do espaço e do tempo.

Louvado sejas, meu Senhor, por todas as vezes que as notícias e conhecimentos circulam por toda a terra, dando novas oportunidades para a divulgação do ensino para a luta contra a ignorância, para a promoção e libertação da pessoa humana.

Louvado sejas, meu Senhor, pelos CDs e mp3 players. Por meio deles, a música penetra e se grava no coração de quem ouve e de quem canta.

Louvado sejas, meu Senhor, por todas as vezes que os CDs se tornam uma extensão da tua voz e que a música nos fala o que as palavras não conseguem dizer.

Louvado sejas, meu Senhor, por todas as vezes que as gravações enriquecem o nosso ser, colocando-nos em contato com a realidade viva do mundo do Espírito e do mundo em que vivemos, dando oportunidades para as pessoas se tornarem mais conscientes, mais livres, mais participantes.

Louvado sejas, meu Senhor, pelo rádio, que caminha nas asas do vento e torna o mundo tão pequeno.

Louvado sejas, meu Senhor, por este amigo das pessoas solitárias, por este companheiro do nosso povo, do brasileiro que “não vive sem o rádio”.

Louvado sejas, meu Senhor, por todas as vezes que o rádio leva os benefícios de informar, ensinar, educar e divertir todas as camadas de nosso povo, promovendo, assim, maior igualdade entre os homens.

Louvado sejas, meu Senhor, pelo cinema, pela televisão, pelos audiovisuais, sites, blogs e mídias sociais e por todos os novos meios de comunicação que a inteligência humana continua a criar.

Louvado sejas, meu Senhor, por todas as vezes que esses meios de comunicação difundem os verdadeiros valores humanos e servem de descanso e lazer, libertando as pessoas do peso das preocupações cotidianas.

Louvado sejas, meu Senhor, por todas as vezes que os modernos meios de comunicação se colocam realmente a serviço da pessoa humana e fazem cada homem um ser mais consciente, mais participante do drama, dos problemas e dificuldades de todos os homens, criando mais compreensão mútua e conduzindo ao crescimento de todos.

(Ação de graças pela comunicação composta pelo Beato Tiago Alberione, fundador da Família Paulina)

Alguns registros de uma grande missão 
Uma palavra de gratidão 

A coordenação nacional da Pascom agradece à Irmã Élide Fogolari a partilha destes relatos, a sua história com a comunicação, a sua inspiração que motiva a tantos agentes em todo o Brasil.

 

(Texto: Marcus Tullius | Fotografias: Irmã Élide Fogolari e Cacilda Medeiros)