Em diversas (Arqui)Dioceses pelo Brasil os termos “Pascom e Assessoria de Comunicação” possuem grande proximidade no que se refere à atuação dessas áreas no âmbito eclesial. Está errado? Não, mas é importante destacar que, entre as duas áreas há uma via que é totalmente pastoral, já a outra é profissional.
A distinção não impede que trabalhem juntas, mas é necessário discernir as competências para que caminhem estrategicamente, com o propósito de dar visibilidade àquilo que está sendo realizado na comunidade local.
Afinal, o que faz uma equipe de Assessoria de Comunicação na Igreja?
O Diretório de Comunicação da Igreja No Brasil, documento 99 da CNBB, em sua versão atualizada em 2023, relembra que, seja em âmbito nacional, seja regional ou diocesano, a Igreja necessita de uma estrutura qualificada com assessores e assessoras de comunicação.
Geralmente são pessoas graduadas em Comunicação Social (Jornalismo, Relações Públicas, Publicidade e Propaganda, Comunicação Integrada, etc), algumas já treinadas por terem tido experiências profissionais em outros lugares.
A assessoria de comunicação deve ser coordenada por profissionais da área com capacidade de se relacionar bem com a imprensa e com outras áreas, tem que ser capaz de administrar possíveis situações problemáticas, o que é conhecido como gerenciamento de crise, pois envolve assunto com repercussão na sociedade.
O Diretório de Comunicação destaca, ainda:
É tarefa do assessor de comunicação preparar e conduzir as entrevistas do representante da Igreja, produzir um clipping de informações e notícias divulgadas pela mídia para colocar à disposição dos responsáveis pela comunicação na Igreja e supervisionar a produção de conteúdos destinados aos sites e mídias digitais.
Em circunstâncias específicas e, havendo necessidade, pode ser indicado um porta-voz, com preparação adequada, para falar em nome do Bispo ou da Diocese.
É sugerido que as assessorias de comunicação tenham uma aproximação constante com a coordenação da Pascom, que haja sempre um bom diálogo entre as duas equipes, com definição das atribuições de cada integrante, de modo que o objetivo maior, que é a evangelização, seja cumprido.
E a Pascom?
A Pastoral da Comunicação (Pascom) é a pastoral do ser e do estar em comunhão, isso já diz tudo! Ela é a ponte! Sua transversalidade é marcante e sua capacidade de estar em comunhão é o que completa as atividades da assessoria de comunicação. A Pascom atua a partir de ações próprias do campo da comunicação, mas com sentido pastoral e evangelizador.
É importante lembrar que a Pascom tem a sua estrutura baseada nos documentos da Igreja, assim como nas pesquisas sobre comunicação e nas práticas vividas na comunidade. O agente da Pascom exerce sua função por meio do diálogo com os membros das pastorais, grupos e movimentos.
O agente da Pascom planeja com sua equipe as ações evangelizadoras a partir dos eixos: Espiritualidade, Formação, Articulação e Produção, sem deixar que sua atuação se transforme em uma equipe de transmissão de missa, equipe da foto ou do vídeo.
Mesmo que a Pascom seja uma pastoral presente em âmbito nacional, regional e forâneo, as ações que reverberam e chegam às bases estão na paróquia. É lá o local do aprendizado e da vivência comunitária. Não há um engessamento do que se deve fazer uma equipe da Pascom e cada local e âmbito de atuação já indica as especificidades do que deve ser trabalhado.
O Diretório de Comunicação compreende que algumas características identificam a Pastoral da Comunicação como, por exemplo:
1) colocar-se a serviço de todas as pastorais para dinamizar suas ações comunicativas;
2) promover o diálogo e a comunhão das diversas pastorais;
3) capacitar os agentes de todas as pastorais na área de comunicação, especialmente a Catequese e Liturgia;
4) favorecer o diálogo entre a Igreja e os meios de comunicação, para dar maior visibilidade à sua ação evangelizadora;
5) envolver os profissionais e pesquisadores da comunicação nas reflexões da Igreja, para colaborar no aprofundamento e na atualização dos processos comunicativos;
6) desenvolver as áreas da comunicação, como a imprensa, a publicidade e as relações públicas, nos locais onde não existem profissionais especificamente designados.
Em quais ações a Pascom e a assessoria de comunicação se complementam?
Além da parceria ser um excelente meio para que Pascom e assessoria de comunicação trabalhem juntas, outras ações podem ser propositivas e são indicadas pelo Diretório:
- Promover retiros para os envolvidos com a comunicação da Igreja, a partir dos fundamentos bíblico-teológicos na ótica da comunicação;
- Incentivar os comunicadores da Igreja a testemunharem com a vida o que anunciam com a palavra, a exemplo de Cristo, o perfeito comunicador do Pai;
- Promover encontros nacionais, regionais e diocesanos com os agentes da Pascom para aprofundar temas pertinentes à comunicação;
- Incentivar o estudo do Diretório de Comunicação e de outros documentos da Igreja acerca da comunicação;
- Celebrar o Dia Mundial das Comunicações e refletir sobre a carta enviada pelo Papa Francisco;
- Oferecer cursos de comunicação para todos os membros das pastorais, com foco em mídias sociais digitais, liturgia e catequese. O curso também pode ser oferecido aos padres, diáconos, seminaristas, religiosas e religiosos.
É isto, a Pastoral da Comunicação tem a sua especificidade como um setor atuante na Igreja e a assessoria de comunicação, por seu estilo mais profissional, deve caminhar na mesma sintonia, no mesmo desejo de dar visibilidade àquilo que a Igreja promove e proporciona, se tornando a porta-voz institucional. Juntos e misturados, mas sempre observando cada qual suas funções.
Janaína Gonçalves é jornalista, mestra em ciências da religião, especialista em gestão de mídias e em teologia pastoral, analista de comunicação no Anima PUC-Minas, vice-coordenadora da Pascom Brasil e membro do grupo de pesquisa MIRE – mídia, religião e cultura (INTERCOM).