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“Tenho a vocação de ser apóstolo”

“Tenho a vocação de ser apóstolo… Quisera percorrer a terra, apregoar teu nome e plantar em terra de infiéis a tua gloriosa Cruz. Mas, ó meu Bem-Amado, uma única missão não me seria bastante. Quisera anunciar, ao mesmo tempo, o Evangelho pelas cinco partes do mundo até às ilhas mais remotas… Quisera...

“Tenho a vocação de ser apóstolo… Quisera percorrer a terra, apregoar teu nome e plantar em terra de infiéis a tua gloriosa Cruz. Mas, ó meu Bem-Amado, uma única missão não me seria bastante. Quisera anunciar, ao mesmo tempo, o Evangelho pelas cinco partes do mundo até às ilhas mais remotas… Quisera ser missionária não só por alguns anos, mas quisera sê-lo desde a criação dos séculos…”

Santa Teresinha, neste parágrafo de seus manuscritos autobiográficos, manifesta brilhantemente o coração da monja contemplativa.

Vivendo minha vocação e missão de monja carmelita em dois países majoritariamente muçulmanos (4 anos no Marrocos e 2 anos no Egito) dei-me conta mais profundamente da grandeza do dom da fé cristã, aprofundei-me na consciência do dom recebido e experimento com maior intensidade a alegria por ter recebido o anuncio do Evangelho. Com muita razão, o Papa Francisco  afirma na Evangelii Gaudium 266: “Não se pode perseverar numa evangelização cheia de ardor, se não se está convencido, por experiência própria, que não é a mesma coisa ter conhecido Jesus ou não O conhecer, não é a mesma coisa caminhar com Ele ou caminhar tateando, não é a mesma coisa poder escutá-Lo ou ignorar a sua Palavra, não é a mesma coisa poder contemplá-Lo, adorá-Lo, descansar n’Ele ou não o poder fazer. Não é a mesma coisa procurar construir o mundo com o seu Evangelho em vez de o fazer unicamente com a própria razão. Sabemos bem que a vida com Jesus se torna muito mais plena e, com Ele, é mais fácil encontrar o sentido para cada coisa. É por isso que evangelizamos.”

O meu entusiasmo pela evangelização tornou-se ainda mais forte agora estando fora de um país de maioria cristã e vendo com meus próprios olhos o que e a vida de tantas pessoas que ainda não receberam o anúncio do amor de Pai em Jesus seu Filho.

Também nos primeiros tempos de missão no Marrocos compreendi melhor e vi o quanto é verdade que o Espírito Santo instrui e age para além das fronteiras do cristianismo. Isto é  maravilhoso! Tantas pessoas que jamais ouviram o Evangelho vivem tão profundamente o amor a Deus e aos irmãos!

Nós, monjas e monges, somos evangelizadores porque fomos enviados e somos discípulos missionários pelo Batismo. Quantos tem sede de Deus, quantos querem ver e tocar o amor de Deus através de nós cristãos, membros da Igreja, Corpo do Cristo Jesus! Na vida contemplativa este anúncio de Jesus se faz através de nossa vida simples e cotidiana no mosteiro: oração, vida fraterna e trabalho. Nem todos compreendem esta relação profunda e necessária entre oração e missão, porém ao colocar lado a lado São Francisco Xavier e Santa Teresinha como patronos das missões, a Igreja afirma com convicção que não existe anuncio do Evangelho sem vidas entregues na oração, e que a vida contemplativa é por si mesma evangelizadora.

São Pedro ao propor o ministério dos diáconos não por acaso disse que eles (os Doze) se dedicariam à oração e ao serviço da Palavra (At 6,4). Aprendamos isto: oração e anúncio são inseparáveis.

 

Ir. Maria Ana de Jesús, ocd é monja carmelita descalça, chilena. Viveu no Brasil mais de 25 anos, esteve em Tanger (Marrocos) e atualmente é a responsável pela missão carmelita no Egito.