Compartilhar no whatsapp
Compartilhar no facebook
Compartilhar no pinterest
Compartilhar no twitter
Compartilhar no email

A comunicação é a essência da vida consagrada

Vivemos para conectar pessoas! “A Vida Consagrada é sempre um diálogo com a realidade,”[1] disse o Papa Francisco, numa homilia, em maio deste ano, referindo-se a importância de atualizar a aplicação do carisma. É impossível falar de “realidade” sem incluir, hoje, os meios de comunicação. Precisamos dialogar com eles e por meio...

Vivemos para conectar pessoas!

“A Vida Consagrada é sempre um diálogo com a realidade,”[1] disse o Papa Francisco, numa homilia, em maio deste ano, referindo-se a importância de atualizar a aplicação do carisma. É impossível falar de “realidade” sem incluir, hoje, os meios de comunicação. Precisamos dialogar com eles e por meio deles com o carisma que Deus nos confia, se queremos de fato colaborar para a transformação da história.

Há um espaço aberto, onde milhões de pessoas se conectam em busca de informações e de vínculos. Deus confia-nos uma missão no espaço digital, onde podemos torná-lo presente e ajudar muitas pessoas a encontrarem-se com ele.

Fala-se muito, na vida consagrada, sobre o perigo da dependência do uso da internet e, de fato, o perigo existe para todos. Mas, o que seria da história, o que seria de mim e de você, se muitos missionários tivessem permanecido em suas terras, para medo de enfrentar o perigo do mar?

Cada consagrado é chamado para viver e testemunhar o amor de Deus, na realidade de seu tempo, a enriquecer a vida da Igreja com o carisma de sua comunidade, somando-se em sua missão evangelizadora. O que Deus nos fala por meio das tantas possibilidades que as mídias nos oferecem para nos conectarmos com as pessoas? Podem elas nos ajudar a aprofundar também nossa conexão com Deus?

Para nossa missão produzir frutos precisamos “ter a mão no pulso do tempo e o ouvido no coração de Deus”, diz Pe. José Kentenich, fundador de nosso Instituto. Não temos o direito de nos omitir perante essa oportunidade que Deus nos oferece nesse espaço digital.

Essa é uma lição positiva que levamos desse tempo de pandemia: Milhares de pessoas puderam e podem melhorar seu contato com Deus, porque os canais do YouTube se tornaram as paróquias, onde os fiéis se reúnem para celebrar, as plataformas digitais expandem nossos Centros de Pastorais. Embora as redes digirais não substituam encontros pessoais, podem ajudar a otimizá-los, podem encurtar distâncias e aproximar muitos de lugares sacros e das celebrações. Cito aqui novamente algumas palavras de meu Fundador:

“Qual é a nossa tarefa em relação a tecnologia? Deixe-me dizer isso claramente: não queremos matar a técnica – precisamos também dos frutos da técnica – o que devemos fazer, se me permitem repetir uma antiga expressão? É batizar a tecnologia!

O que isso significa na prática? Devemos inserir nos grandes planos da Santíssima Trindade todas as grandes coisas que o espírito humano pensou, inventou, criou, o que produziu criativamente. Que também a técnica, o homem tecnológico, a sociedade tecnológica, compreendam novamente as palavras: O mundo é e permanece uma imagem da Santíssima Trindade, a missão do mundo de amanhã é exatamente a mesma missão que teve antes. Não queremos ser seguidores da máquina, mas utilizar tudo o que é feito por meio da máquina para nos tornarmos seguidores de Deus e seguidores de Cristo.”[2]

O isolamento causado pela pandemia obrigou-nos a dedicar tempo para aprender recursos da tecnologia. Faz parte essencial do carisma de meu Instituto, os Santuários da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt que, todos os domingos ficavam repelos de milhares de peregrinos, a maioria vindas das paróquias, cujas famílias acolhem a imagem da Mãe Peregrina, a Mãe Rainha, em seus lares. De repente, tudo foi fechado, os portões tiveram que ser trancados durante meses. Em todas as nossas casas e Santuários, a pergunta era a mesma: “Como Maria agiria agora?” Em um tempo curto, nossos métodos de pastoral se reinventaram: “Fomos em busca de novas metodologias e criatividades para chegar, de modo online, até os peregrinos”, diz Ir. M. Nelly Mendes. “Não podíamos ficar paradas.”

O fato de não poder mais viajar para encontrar as pessoas ou acolhê-las no Santuário, deu-nos tempo para estudar um pouco mais sobre a comunicação online e, desse modo, surgiram projetos criativos, que atraem milhares de pessoas e as ajudam viver sua fé no cotidiano. Além das transmissões das santas missas e da reza do terço, realizam-se peregrinação virtual, meditação, aprofundamento do saber nas verdades da fé e no carisma de Schoenstatt, milhares fazem momentos de adoração, celebram, agradecem e suplicam juntas. Com o tempo, o público cresceu, chegam também pessoas de outros países, e nosso desafio é ajudar para que esses encontros virtuais sejam de fato uma participação e não somente “assistir”, por isso, a preparação demanda tempo e amor. Não basta transmitir, as pessoas precisam sentir-se acolhidas pessoalmente, interagir e participar.

Reconhecemos que nos faltam aparelhos melhores, nem sempre a conexão colabora, falta-nos mais conhecimentos. Mas, é verdade também que descobrimos, mais do que antes, que a internet nos aproxima e que é possível missionar por meio delas. Descobrimos tantos corações generosos que nos ajudaram a capacitar-nos, percebemos que investir dinheiro nisso é aumentar a chance de levar Jesus para onde as pessoas estão e fortalecer seus vínculos.

Somos uma comunidade mariana e, ser Maria hoje é não ter receio de “subir montanhas”, quando se trata de levar a graça da redenção até as famílias. Apesar de reconhecer nossos limites, podemos cantar com a Mãe de Deus: “O Senhor fez em mim (e por mim) maravilhas!”

Finalizamos com essas palavras de um Twitter do Papa Francisco: “Usemos todos os instrumentos que temos, especialmente o poderoso instrumento da mídia, para construir e fortalecer o bem comum.”

Dicas para missionar, como consagrados, por meio das mídias
  1. Esforçar-se para viver de modo coerente a vida consagrada, a melhor comunicação é o testemunho
  2. O tempo usado nas mídias não pode prejudicar sua vida de oração, nem no tempo e nem na qualidade
  3. Estar em comunhão com a comunicação oficial da Igreja
  4. Os contatos virtuais devem fortalecer os encontros presenciais e não os substituir
  5. Ouvir o outro lado, acolher as críticas e interessar-se pessoalmente pelo público
  6. Conhecer ao menos o essencial das linguagens de cada mídia e atualizar-se constantemente
  7. Ter coragem de arriscar-se
  8. Ter uma identidade bem definida e traçar metas alcançáveis
  9. Planejar e ser flexível para ajustes
  10. Só há comunicação em Equipe: saber atuar junto. Manter bom relacionamento com outros que atuam nas mídias, estamos todos juntos para somar e não para competir

 

Ir. M. Nilza P. da Silva
Jornalista, mestre em Filosofia, religiosa das Irmãs de Maria de Schoenstatt

 

[1] https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2021-05/papa-francisco-mensagem-video-vida-consagrada-50-anos-semana-nac.html

[2] Conferência em outubro de 1967