Comunicar com o coração: Pascom, mansidão e esperança
Primeiro Dia
No entardecer de 21 de novembro, o silêncio sagrado do Mosteiro de Itaici foi tocado pela alegria de reencontros e novos rostos ao abrir do 27º Encontro Estadual.
A Eucaristia inaugural foi presidida pelo Pe. Danilo Teixeira da Silva, assessor de comunicação da Diocese de Bragança Paulista. Padre Danilo, cuja trajetória na Pascom diocesana se destaca, falou ao coração dos presentes:
“Não estamos aqui por uma agenda cuidadosamente preparada, mas porque fomos alcançados por uma vocação”.
A missa aprofundou a convicção de que a Pascom é um campo sensível e missionário: comunicar é escutar e servir. Inspirados pelo Evangelho de Mateus (12, 46-50), os agentes de comunicação foram convidados a ver a verdadeira família que nasce da escuta; a mansidão, virtude de quem sabe ouvir, foi apresentada como caminho espiritual.
À mesa da refeição, no silêncio e na partilha, cresceram gestos de amizade, testemunhos e risos. A cada momento, ficou claro que a mesa de refeições também se tornou um espaço de vida, fé e comunhão, lugar tão importante quanto a mesa da Eucaristia.
Segundo Dia
O segundo dia começou novamente na Mesa da Eucaristia. A celebração foi presidida pelo Pe. Jefferson Aparecido da Silva, assessor eclesiástico da Pascom da Arquidiocese de Campinas, sacerdote jovem e engajado, com experiência em comunicação e missão.
Em suas palavras, Padre Jefferson lembrou que “comunicar com o coração” é deixar Deus falar primeiro em nós, permitindo que a mansidão e a escuta guiem nossa missão.
Após a missa e um momento de confraternização ao redor da mesa comum, os participantes se dividiram para oficinas de formação profunda:
• Coordenadores diocesanos foram conduzidos pelo Pe. Fabiano Roberto Silva dos Santos, que refletiu sobre “Liderança positiva e continuidade na missão”. Pe. Fabiano – padre da Arquidiocese de Uberaba e assessor da Pascom local – inspirou os coordenadores a liderar com sabedoria, afeto e visão para a missão comunicativa.
• Para os agentes de pastoral, houveram duas oficinas:
1. LGPD e direito de imagem, conduzida pelo Pe. Wanderson Cintra, da Diocese de Jundiaí, tema essencial para comunicadores católicos que lidam com fotos, vídeos e dados na Igreja.
2. Gestão de pessoas e entrevistas jornalísticas, com Fernando Geronazzo, da Arquidiocese de São Paulo, abordando a ética, a responsabilidade e o estilo de escuta que marca a comunicação evangelizadora.
Essas oficinas não foram mero treinamento técnico: foram espaços espirituais e pastorais, onde os participantes aprofundaram seu compromisso com a ética, a fraternidade e o serviço missionário da Pascom.
No final do dia, ficou evidente que comunicar na Igreja é mais que exercer uma função: é viver um chamado para estar ao serviço do Evangelho.
Terceiro Dia
No domingo, dia da Solenidade de Cristo Rei, o encontro chegou ao seu ponto culminante. A Eucaristia de encerramento foi presidida pelo Pe. Rubens, assessor de comunicação da Diocese de São Carlos. Ele convidou todos a redescobrir Cristo como centro da vida, lembrando que nosso Deus reina não com coroas preciosas, mas com cravos e espinhos — símbolo de sacrifício, amor e mansidão.
A liturgia trouxe um convite profundo: sermos agentes de esperança, testemunhas luminosas desse Rei humilde que se fez próximo. Ao perdermos o medo da cruz, abraçamos uma missão nova: levar a luz de Cristo por onde passarmos.
O final da missa foi marcado pelo Rito de Envio da Pascom, um dos gestos mais fortes e simbólicos para qualquer comunicador católico. Não se tratou apenas de um ato ritual, mas de um compromisso público, assumido diante de Deus e da comunidade, de evangelizar pelos meios de comunicação com fidelidade, mansidão e espírito missionário.
A bênção, a entrega da cruz e as promessas feitas pelos pasconeiros expressam que comunicar na Igreja não é uma tarefa técnica, mas uma vocação enraizada no Evangelho. Ao dizerem “É de todo o coração que assumimos esse compromisso”, os agentes reafirmaram que sua missão é ser ponte, gerar encontro, diálogo e proximidade — exatamente como Jesus fez.
Ali, de joelhos, cada pasconeiro entregou a Deus suas palavras, suas habilidades, sua criatividade e seu próprio coração para servir melhor à Igreja.
Quando o celebrante acolheu oficialmente os comunicadores e lhes concedeu o título de Pastoral da Comunicação, toda a assembleia reconheceu aquilo que já pulsa no cotidiano da Pascom: somos discípulos missionários da comunicação, enviados a anunciar, iluminar e construir comunhão.
Este rito, vivido com emoção e reverência, recorda que a Pascom não é apenas serviço — é missão, é identidade, é vocação, e a cruz entregue a cada comunicador é o sinal visível dessa entrega: comunicar com o coração é comunicar com Cristo.
Encerramento das Oficinas
No encerramento das oficinas, o Pe. Fabiano nos conduziu a fazer memória desses três dias tão intensos e fecundos. Ele nos convidou a olhar para dentro e reconhecer que todos chegamos trazendo algo na bagagem: cansaços, medos, expectativas, alegrias… Mas, ao longo do encontro, fomos discernindo, esvaziando e reorganizando — e agora retornamos levando apenas o essencial.
Assim como Jesus buscava momentos de recolhimento com seus discípulos para rezar, descansar e repensar a missão, também nós somos chamados a encontrar tempo para a escuta, o silêncio e a revisão interior. Não importa o peso do passado: saímos daqui certos de que Deus já está no nosso futuro.
Pe. Fabiano nos recordou com ternura e firmeza:
“Tire as sandálias dos pés… permita-se pertencer totalmente a Deus.
Livre-se do que pesa, do que te impede de encontrá-Lo.
Tenha coragem de se despir diante do Senhor.”
Com esse chamado, fomos enviados a viver uma semana de profunda revisão interior, preparando o coração para iniciar o Advento com uma nova versão de nós mesmos.
Por Ana Corazza
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