A Igreja sempre buscou caminhos para estar próxima ao povo de Deus, seja nas paroquias, na TV, no Rádio e nas redes sociais. Agora, podemos contar com mais um recurso: a Inteligência Artificial (IA). Mas até que ponto podemos usar esse recurso para anunciar o Evangelho?
A IA e seu mundo de possibilidades
O uso da inteligência artificial na Igreja Católica, aos poucos, está ganhando impulso.
Como exemplo, podemos citar o Vatican News, a agência de notícias do Vaticano, que lançou em 2017 um chatbot (resposta automática via texto), chamado Pope Francis News, que usa a inteligência artificial para dar informações a respeito do Papa e a responder perguntas sobre a Igreja Católica e o Vaticano., dessa forma, facilitando o acesso a notícias e informações diretamente do Vaticano.
E assim, percebemos que podemos inserir a IA também na vida das nossas paróquias e comunidades para responder a perguntas frequentes como horários de missas, batizados, casamentos, eventos e doações.
Sobretudo, o Papa Leão XIV tem demonstrado sérias preocupações a respeito da IA no desenvolvimento humano, alertando para os riscos à dignidade humana, à justiça e ao trabalho:
“Embora a IA possa simular aspectos do raciocínio humano e realizar tarefas específicas com incrível velocidade e eficiência, não pode replicar o discernimento moral ou a capacidade de formar relações genuínas” (mensagem do Papa Leão XIV para a Cúpula da Inteligência Artificial para o Bem 2025)
O Santo Padre se preocupa tanto com essa ferramenta, que não permitiu a criação do seu “avatar”.
Pascom e a IA
Por meio das reflexões feitas acima, podemos dizer que, de fato, nós, pasconeiros, não podemos ignorar a importância da IA para a nossa missão de comunicar, porque ela nos permite:
- Personalizar a mensagem: a IA pode personalizar as mensagens evangelizadoras, tornando-as mais eficazes e relevantes;
- Acesso a conteúdo religioso: a IA pode facilitar o acesso a conteúdos religiosos, como a Bíblia, o Catecismo da Igreja Católica, orações e homilias;
- Comunicação eficaz: a IA pode ser usada para criar ferramentas de comunicação mais eficientes, como o chatbots;
- Análise de dados: a IA analisa um grande volume de dados para identificar as necessidades das pessoas e direcionar os esforços da missão evangelizadora de forma estratégica;
- Tradução de conteúdos: a IA pode ajudar a traduzir conteúdos em diferentes idiomas,facilitando o trabalho de evangelização em um mundo cada vez mais globalizado.
Pasconeiro, cuidado com a IA!
A inteligência artificial, além dos inúmeros benefícios e vantagens, ela nos oferece a oportunidade de nos comunicarmos melhor, com a criação de conteúdos acessíveis.
Porém, tomemos cuidado! A Igreja nos ensina que a dignidade humana não pode ser reduzida a algoritmos ou estatísticas, além de que o encontro com Cristo não pode ser substituído por respostas automáticas, pois a fé nasce do testemunho, da presença e da vida sacramental, e além disso, a mensagem do Evangelho exige fidelidade e profundidade, não podendo ser distorcida ou banalizada.
A inteligência artificial deve ser vista como instrumento, nunca como fim, ela pode apoiar a missão, mas quem evangeliza é o coração humano transformado pela fé em Cristo.
Que a IA nos ajude a evangelizar com criatividade, mas que nunca nos falte a sabedoria do Espírito Santo para discernir seus limites e possibilidades, que esta ferramenta tecnológica seja sempre usada para iluminar, unir e anunciar a Boa Nova, colocando-se a serviço da vida e da dignidade humana.
Por Ana Corazza