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Ir e ver, escutar e falar com o coração. E agora com a IA?

A comunicação deve ser orientada para uma vida mais plena da pessoa humana.

A constante preocupação do Santo Padre, o Papa Francisco, com a “qualidade” da comunicação que está sendo criada e divulgada através das redes e mídias sociais, principalmente pelos comunicadores católicos, é evidente em suas mensagens.

Francisco trabalhou para moldar nossa percepção de como as ações comunicativas devem ser elaboradas para gerar conteúdo que salve e acolha a todos.

 

Os temas do Dia Mundial das Comunicações Sociais

Em 2021, o Papa nos pediu para “ir e ver”, com o tema “Vem e Verás (Jo1,46)”, nos desafiando a “gastar as solas dos sapatos”, conhecendo a realidade para compreender o que é necessário e urgente em termos de comunicação em diversas situações, para “comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são”.

No ano de 2022 veio o complemento do “Vem e Verás”. Já entendemos as realidades? Bem, agora é hora de “Escutar com o ouvido do coração”, aprofundando a empatia com nosso público-alvo.

“A escuta corresponde ao estilo humilde de Deus. Ela permite a Deus revelar-Se como Aquele que, falando, cria o homem à sua imagem e, ouvindo-o, reconhece-o como seu interlocutor”, ressaltou Francisco.

Em 2023, fomos chamados a “Falar com a voz do coração”, seguindo um plano ano após ano, conhecendo e ouvindo, enriquecendo nosso entendimento das realidades, pois só comunicamos com eficácia aquilo que compreendemos bem, “testemunhando a verdade no amor” (Ef4,15).

Isso mostra que a comunicação se torna um instrumento de paz através do conhecimento, da escuta e da expressão, e que em cada etapa desse processo há a presença próxima de outras pessoas.

 

Agora é a vez da IA

O tema escolhido pelo Papa Francisco para o 58º Dia Mundial das Comunicações Sociais é “Inteligência artificial e sabedoria do coração: por uma comunicação plenamente humana”. A resposta sobre como nós, pasconeiros e pasconeiras, devemos agir já está clara, tanto pelo complemento do tema deste ano quanto pelos três últimos temas que vivenciamos.

Foto em IA do Papa Francisco, viralizada nas redes sociais em 2023

Não há comunicação que salve e acolha sem a presença humana. Conforme nos ensina a Teoria da Comunicação, sempre temos emissores e receptores nas extremidades dos canais que transmitirão as mensagens.

Mesmo que o “Emissor” seja um Chatgpt ou um Chatbot, sem a intervenção humana para criar e fundamentar a mensagem, não haverá comunicação humanizada. Porém, quando falamos em “comunicação humanizada”, não se trata apenas da presença humana, mas sim de uma comunicação elaborada para acolher a todos.

As chamadas IA’s existem para otimizar os processos e, infelizmente, às vezes são usadas para uma comunicação que exclui, é fria, falsa (fake news), fácil e carente da presença de um coração que pulsa em sintonia com a evangelização.

 

Somos escravos do algoritmo?

A inteligência artificial compreende todos os sistemas criados para otimizar e acelerar processos em diversas áreas. Na comunicação, a IA está presente em vários pontos do processo, desde a criação de imagens e textos até vídeos e áudios, incluindo o planejamento para redes sociais e o engajamento do conteúdo distribuído.

Quando falamos em engajamento, algumas metas já são definidas pelo algoritmo (o famoso “robô” das redes sociais), como curtidas, compartilhamentos, comentários e visualizações. Consequentemente, quanto mais interações o conteúdo receber, maior será sua entrega para mais pessoas, aumentando em quantidade todos os itens mencionados.

Porém, essa busca fervorosa por engajamento cria cenários nos quais nos tornamos escravos do algoritmo, preocupando-nos exclusivamente com o status de quantidade, muitas vezes negligenciando a “qualidade” e o impacto que a comunicação terá nas vidas dos receptores, especialmente os fiéis de nossas paróquias.

Na carta publicada pelo Papa Francisco, ele nos alerta que devemos:

“orientar a inteligência artificial e os algoritmos, de modo que haja em todos nós uma consciência responsável no uso e no desenvolvimento dessas diferentes formas de comunicação, que acompanham as das redes sociais e da internet. A comunicação deve ser orientada para uma vida mais plena da pessoa humana”.

Nossa missão como comunicadores católicos é reconhecer que o digital existe para “divulgar” o presencial de nossas igrejas, distribuindo as ações criadas pelas pastorais e servindo como o elo da evangelização paroquial no ambiente da internet.

As ferramentas de IA disponíveis devem ser conhecidas por todos nós, pasconeiros e pasconeiras, e utilizadas como ferramentas para transmitir a mensagem de Cristo, gerada pelas ações de tantos corações distribuídos nas pastorais paroquiais, com a linguagem produzida por seres humanos, como também nos alerta o Papa: 

“a evolução dos sistemas de inteligência artificial torna cada vez mais natural a comunicação através e com as máquinas, de tal modo que se tornou cada vez mais difícil distinguir o cálculo do pensamento, a linguagem produzida por uma máquina daquela gerada pelos seres humanos”.

Façamos a comunicação que sai do coração humano, que acolhe e aproxima os receptores de Deus!

 

Marcelo Godoy é publicitário, com pós-graduação em comunicação em redes sociais, com foco em comunicação católica. Ganhador do Prêmio de Comunicação da CNBB 19/20 com o site Bendita Pascom, criador do cartaz da CF 2012 e membro da Comissão Arquidiocesana da Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de Campinas/SP.