A missão do comunicador católico exige muito mais do que técnica: requer uma vida espiritual enraizada na Palavra de Deus e nutrida pela tradição viva da Igreja. A leitura da Sagrada Escritura é sempre o ponto de partida, porque, como recorda o Concílio Vaticano II, “a Sagrada Escritura contém a Palavra de Deus e, porque inspirada, é verdadeiramente a Palavra de Deus” (Dei Verbum, 24). No entanto, se desejamos comunicar com autenticidade o Evangelho em nossos ambientes, precisamos também de uma formação contínua que se alimente de outras fontes: documentos do Magistério, cartas dos Papas, reflexões teológicas e livros voltados para a comunicação evangelizadora.
O Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil (Documento 99 da CNBB) é um exemplo claro de como a Igreja oferece diretrizes para o nosso agir comunicativo. Ele afirma que “a comunicação deve ser compreendida como processo, como diálogo, como aproximação de pessoas e comunidades, como construção de comunhão” (Doc. 99, n. 12). Essa visão amplia nossa compreensão: comunicar na Igreja não é simplesmente divulgar eventos, mas construir pontes, favorecer encontros e testemunhar Cristo no mundo digital e presencial. Nesse horizonte, a leitura de textos orientadores nos ajuda a transformar o serviço de comunicação em verdadeiro ministério para a vida eclesial.
Os Papas também nos interpelam constantemente sobre o valor da comunicação. Francisco, em sua mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2021, recordava que “a comunicação não é apenas transmitir dados, mas é sobretudo construir relações”. Essa perspectiva nos convida a mergulhar em uma espiritualidade da escuta, do cuidado e da proximidade, dimensões que só se cultivam quando nutrimos nossa mente e coração com leituras que aprofundem a fé. Assim, livros que tratam de espiritualidade, comunicação pastoral, teologia da missão e doutrina social da Igreja são instrumentos preciosos para quem deseja servir melhor.
Ler, portanto, não é um luxo ou um hábito secundário: é parte integrante da formação do comunicador cristão. A leitura católica abre horizontes, dá fundamentos sólidos, fortalece a espiritualidade e oferece linguagem adequada para o anúncio. Se a Bíblia nos guia como luz para os nossos passos (cf. Sl 119,105), os documentos da Igreja, as cartas do Papa e os livros de reflexão nos ajudam a discernir os caminhos concretos da missão. É preciso cultivar uma “biblioteca do comunicador católico”, que nos leve a beber de fontes seguras e autênticas, para que possamos comunicar não apenas com competência, mas com fé viva e testemunho coerente.
Querido comunicador, não tenha medo de mergulhar nessas leituras. Cada página que você abre é também um espaço de encontro com Cristo, que deseja formar em nós discípulos missionários da comunicação. Quanto mais nos enraizamos na Palavra e nos escritos da Igreja, mais nossa voz se torna eco da voz do próprio Senhor. Que sua missão de comunicar seja sempre sustentada pela leitura, iluminada pela fé e fecunda no Espírito Santo.
Sugestões de leitura:
- Sagrada Escritura, leitura diária e orante da Bíblia, fundamento da vida cristã.
- Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil (Doc. 99 da CNBB), orientações práticas e teológicas para a comunicação pastoral.
- Mensagens anuais do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, reflexão sempre atualizada sobre os desafios da comunicação na Igreja e no mundo.
- Evangelii Gaudium (Papa Francisco), exortação apostólica sobre a alegria do Evangelho, com forte apelo missionário e comunicativo.
- Communio et Progressio (Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, 1971), documento histórico que fundamenta a comunicação como comunhão e serviço.
- A Ética nas Comunicações Sociais (Pontifício Conselho, 2000), reflexão sobre os desafios éticos no campo comunicativo.
- Livros de espiritualidade e comunicação, por exemplo: Comunicar para Evangelizar (Pe. Zezinho, scj), A Comunicação na Igreja do Brasil (CNBB), entre outros.
Por Alex Alves Guimarães