
O mês de setembro, marcado pela campanha do “Setembro Amarelo”, nos convida a um exercício profundo de consciência, acolhimento e esperança diante da realidade do suicídio e do sofrimento humano. Falar sobre saúde mental ainda é um desafio em muitos espaços, inclusive dentro das comunidades eclesiais, pois nem todas as pessoas encontram coragem para tocar em um assunto tão delicado e carregado de preconceitos. Justamente por isso, a comunicação da Igreja tem um papel fundamental: dar visibilidade ao tema e abrir caminhos de diálogo que fortaleçam a vida.
O padre Lício Araújo Vale, que há anos se dedica ao estudo e à reflexão sobre o suicídio, recorda que “quanto mais falamos sobre a vida, menos espaço damos para a morte”. Em seus escritos, ele sublinha a importância de criar ambientes de acolhida, capazes de dissipar o silêncio e o estigma que cercam aqueles que sofrem. Essa perspectiva ilumina a missão da Pastoral da Comunicação, que é chamada a ser voz profética, especialmente em tempos de vulnerabilidade.
É fundamental que as comunidades paroquiais não deixem passar este tempo de conscientização sem oferecer conteúdos, mensagens e reflexões que ajudem a despertar a sensibilidade e o cuidado mútuo. Uma simples postagem nas redes sociais da paróquia, uma mensagem no grupo da comunidade, um cartaz afixado na secretaria ou uma reflexão durante a liturgia podem ser gestos concretos de salvação, capazes de tocar corações e mostrar que ninguém precisa enfrentar suas dores sozinho.
O “Setembro Amarelo” nos recorda que comunicar é mais do que informar: é um ato de amor. Ao falar sobre o cuidado com a vida, a Igreja reafirma sua missão de ser espaço de esperança, onde cada pessoa encontra acolhida, escuta e sentido. A Pastoral da Comunicação, inspirada pelo testemunho e pela reflexão de autores que abordam o assunto, é chamada a transformar suas ferramentas em instrumentos de solidariedade.
Que as comunidades paroquiais, para além de publicar conteúdos, possam também oferecer ajuda profissional em seus espaços sociais de amparo e acolhida. Papa Francisco sempre nos lembrou que precisamos “escutar com o ouvido do coração” e, muitas vezes, a pessoa que vive o drama da depressão só precisa de alguém que possa ouvi-la. Comunicar o cuidado da vida é missão da Pascom, é a nossa missão.
Por Janaína Gonçalves
Coordenadora Geral da Pascom Brasil
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